terça-feira, 2 de março de 2010

Sem Reflexo

Acordei cedo, às seis horas da manhã, como faço todos os dias, o mesmo som no despertador, as mesmas ações para levantar da cama, simples cotidiano que a maioria das pessoas repete todos os dias, mas certa feita haveria de acontecer algo inusitado, ao olhar para o espelho, ainda meio sonolento, não percebi de imediato, mas ao lavar o rosto, algo impressionante, não havia imagem minha ali.

Apesar de muito intrigado estar, tempo não podia perder, afinal, o dia precisava ser ganho para garantir o pão nosso de cada dia. Assim como todos os outros dias, um bom dia dei aos vizinhos em troca o silêncio. Olhando para os vidros dos carros durante a caminhada, notei que ainda continuava sem meu reflexo, mas, apressado fui ao ponto de ônibus para não perder a hora, quase pontual, de minha condução.

Ninguém olhava para mim, apesar de esbarrar sem querer nas pessoas, coisa comum em ônibus lotado, o tempo passava e finalmente a hora de meu desembarque chegara, andava a passos rápidos, atravessei a rua no farol vermelho para pedestres, não me importei, afinal, nem buzinar os carros o fazia.

No trabalho, ignorado como sempre, as tarefas cumpria, não via a hora de acabar o dia, ir para casa, pegar outro ônibus, longo período perdido, para então poder tomar um banho, jantar, assistir tevê, deitar-me e no dia seguinte repetir toda a correria desse dia-a-dia.

Antes disso, no banheiro da empresa, o espelho continuava sem meu reflexo, foi aí que percebi o problema não era dos espelhos, nem das pessoas que não me olhavam, muito menos vampiro me tornei ou morto estava, acontecia de eu ver alguém irreconhecível, outra pessoa, eu mesmo não reconhecia mais quem eu era.

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