terça-feira, 8 de julho de 2014

Teimosia - O Fracasso da Seleção Brasileira

Com o perdão da palavra, peço desculpas pelas mal escolhidas palavras que virão a seguir. Este que vos escreve comentar sobre futebol é como pedir a um doutor da lei executar uma cirurgia cardíaca, porém, vejam se tenho razão em meus argumentos. O Brasil é conhecido como o País do Futebol, somos cerca de 200 milhões de brasileiros (1) e acredito que a esmagadora maioria possui conhecimento futebolístico, logo somos todos técnicos.

Na doutrina cristã, há sete pecados capitais (2): vaidade, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça. Pergunto-me por qual razão a teimosia não poderia ser um oitavo pecado capital?! É uma pergunta intrigante sem dúvida, daria para fazer um belo ensaio questionando sobre o tema, porém não é o que este texto quer explanar, mas fazendo uma rápida exposição, a teimosia é uma faca de dois gumes, quando um sujeito teima por seguir uma determinada linha de pensamento, há dois resultados possíveis: sucesso ou fracasso.

Pois bem, eu aponto a culpa do fracasso da seleção neste fatídico oito de julho de dois mil e quatorze como sendo a teimosia do técnico Luiz Felipe Scolari.

Recapitulação.

Fazendo um rápido retrospecto, em 2010, após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2010, substituindo Dunga entra Mano Menezes, cujo período de atividade entre 2010 e 2012 acumulou fracassos como a eliminação da Copa América em 2011 (3) e a eliminação nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 (4).

Em 2013, Luiz Felipe Scolari assume o comando da seleção brasileira, após uma tumultuada passagem pelo Palmeiras (5). Seria uma nova injeção de ânimo, já que o técnico comandou a vitoriosa campanha do Brasil na Copa do Mundo em 2002 (6). Aparentemente estava tudo indo bem, inclusive com a conquista da Copa das Confederações em 2013 (7).

Realizo a seguir duas ponderações sobre argumentos apontados como possíveis causas da derrota da seleção brasileira.

1. Falta de entrosamento.

A falta de entrosamento é uma inverdade, uma vez que há atletas que competem juntos há pelo menos três anos. Analisando a equipe de 2010 a este ano, alguns jogadores que atuaram em competições e permaneceram na equipe são: Julio César (2010 e 2014), Thiago Silva (2010, 2012 e 2014), Ramires (2010, 2014), Neymar (2010, 2012, 2013 e 2014), Fred (2010, 2013 e 2014), Hulk (2012, 2013 e 2014), Oscar (2012, 2013 e 2014), Marcelo (2013 e 2014), David Luiz (2013 e 2014), Dani Alves (2013 e 2014) e Paulinho (2013 e 2014).

2. A falta de identificação da seleção com a população.

A Alemanha há seis anos mantém a mesma base de jogadores (8), logo o entrosamento é maior, evidentemente - ainda mais que muitos de seus atletas atuam no mesmo clube, Bayern de Munique (9) -, porém, o argumento de que na seleção brasileira há muito atletas que atuam fora do país e seria a falta de identificação com a torcida um dos fatores da derrota também vai por água abaixo, pois a seleção espanhola é composta basicamente por jogadores do Barcelona e Real Madrid (10) e foi eliminada desta Copa ainda na primeira fase (11). Outro argumento de muito utilizado é a de que a Espanha possui um time velho e desgastado, de fato, porém justificar que há jogadores velhos na equipe não é verdade, como citado neste parágrafo, a Alemanha mantém a mesma base há seis anos e há pelo menos um jogador alemão que disputou quatro copas, Miroslav Klose (12).

Finalmente, a teimosia.

No jogo entre Brasil e Colômbia, a seleção brasileira estava vencendo com dois gols, o técnico Luiz Felipe Scolari poderia muito bem, substituir dois jogadores Neymar e Thiago Silva. Porém o treinador preferiu esperar um cartão amarelo para Thiago Silva, um gol colombiano e uma desleal entrada que tiraria um dos melhores jogadores da equipe, Neymar (13).

Se o time entrosado já apontava falhas, como o meio de campo que não estava funcionando com Paulinho, o que se viu na partida contra a seleção alemã foi justamente a exploração desta falha, o inexistente meio de campo permitiu que os alemães atropelassem a defesa. Seria interessante substituir algum jogador para suprir a região mais frágil da equipe, o centro avante. Porém a teimosia do treinador em escalar Fred, centro avante clássico, permitiu que não apenas a Alemanha, ma todas as seleções com as quais o Brasil jogou partidas, anulassem qualquer chance do atleta do Fluminense atuar com liberdade.

A teimosia do técnico em insistir com determinados jogadores e em manter posições fixas mostra a vulnerabilidade de Luiz Felipe Scolari em não saber mexer na equipe em momentos críticos.

Se Neymar e Thiago Silva tivessem jogado a partida a história teria sido diferente? Ninguém sabe, a história é cheia de questionamentos desta natureza e a lição que ela mostrou é no futuro, não repetir os erros do passado. Agora que venha Argentina ou Holanda.

O Futuro.

Deixo uma pergunta intrigante, em 1920 o Brasil perdeu por 6 X 0 para o Uruguai (14), será que daqui a 90 anos, os brasileiros sentirão a mesma frustração que nós sentimos hoje? Acredito que a frustração dos brasileiros em 1920 não tenha sido a mesma que hoje porque de lá para cá, o Brasil conquistou cinco mundiais. Daqui a 90 anos, se o Brasil for campeão novamente - e acredito que será -, como será a frustração deles? Ateando fogo em ônibus (15)?