terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A lingua lambe

Quando é um nome de destaque, da academia de letras, ninguem fala nada. Veja que coisa mais meiga pra se dizer a uma mulher pela mãos tão intelectuais de nosso querido poeta Carlos Drumond de Andrade

 

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A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta;
A língua lavra certo oculto botão,
e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
E lambe,
lambilonga,
lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente,
mais ativa,
atinge o céu do céu,
entre gemidos,
entre gritos,
balidos e rugidos de leões na floresta,
enfurecidos.
(Carlos Drumond de Andrade)

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