sexta-feira, 7 de maio de 2010

Medo do Espelho

8097766Lembra daquele conto do espelho mágico e a madastra má? “ Espelho... Espelho meu..." Para alguns, encarar o próprio reflexo no espelho pode ser uma experiência assustadora. Entre 1% e 2% da população mundial sofre de um distúrbio chamado dismorfia corporal, caracterizado pela aversão à aparência.

Estava lendo num site sobre este tema e resolvi publica-lo para ajudar possiveis jovens que estão enfrentando problemas semelhantes. Não emitirei nota alguma de valor, apenas publicarei o artigo:

Mesmo que não tenha nada de errado com seus rostos e corpos, esses indivíduos enxergam-se de forma distorcida. É como se estivessem dentro de uma sala de espelhos mágicos de um parque de diversões: embora normais, se veem como verdadeiras aberrações.

Agora, uma pesquisa da Universidade da Califórnia, publicada na revista especializada norte-americana Archieves of General Psychiatry, revela que a forma como o cérebro dos portadores do distúrbio processa as imagens segue um padrão anormal, principalmente quando eles deparam com a própria aparência.

Apesar de reconhecer que mais estudos precisarão ser levados adiante, o principal autor, o psiquiatra Jamie Feusner, acredita que o problema pode ser não apenas comportamental, mas ter bases fisiológicas.

Enquanto as pesquisas avançam, as pessoas dismórficas seguem lutando para superar o problema.

Os pacientes tendem a considerar excessivamente os pequenos detalhes, como rugas finas e quase imperceptíveis, em vez de enxergar o rosto - ou o corpo - como um conjunto. As consequências do distúrbio são graves.

– São pessoas tímidas, ansiosas e deprimidas. Elas têm obsessão por detalhes que ninguém nem sequer presta atenção.

Algumas se recusam a sair de casa, outras sentem necessidade de cobrir o rosto ou o corpo e também há as que fazem múltiplas cirurgias plásticas.

Cerca de metade dessas pessoas é hospitalizada em alguma fase de suas vidas e por volta de um quarto tenta suicídio – relata Feusner.

E são os prejuízos na vida que diferenciam os dismórficos de outras pessoas que simplesmente não estão felizes com a aparência. Nessa disfunção, o sofrimento emocional é significativo, e a rotina é afetada fortemente. Há quem deixe de ir trabalhar ou mesmo fuja de entrevistas de emprego, com medo de serem ridicularizados.

– É preciso ficar atento ao impacto da insatisfação com a imagem na vida da pessoa. Se há muito sofrimento psíquico ou prejuízo no dia a dia, deixa de ser uma simples insatisfação e passa a ser um transtorno psiquiátrico.

Em geral, quem sofre desse problema apresenta dificuldades emocionais e sintomas como depressão e ansiedade.

Então, é necessário procurar ajuda especializada – sugere a psiquiatra Carolina Meira Moser, da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

Cabe ressaltar que quem sofre com dismorfia corporal não tem nenhum problema de imagem grave, como má formação do rosto.

O que ocorre é que eles dão uma ênfase muito grande a pequenas imperfeições, comuns a todos.

O tratamento do transtorno, em geral, requer uma abordagem psicoterápica para que a pessoa possa compreender a verdadeira natureza de seus sentimentos de inadequação.

Apesar de não haver medicações específicas para o distúrbio de imagem corporal, algumas drogas ajudam a reduzir sintomas, como depressão e ansiedade, melhorando o quadro geral do paciente.

Mesmo que não seja curado, o tratamento ajuda o dismórfico a se aceitar melhor e conseguir levar uma vida normal.

Especialista em transtornos alimentares, a psicóloga diz que a dismorfia corporal pode se manifestar de diferentes formas, como a anorexia, a bulimia e a vigorexia (treino físico excessivo em busca do corpo perfeito).

Em todos os casos, há uma distorção da forma como a pessoa percebe sua aparência, e isso passa a ser um a obsessão.

A doença costuma se manifestar, principalmente, na adolescência. Há várias causas e motivações para o início da dismorfia, mas simples ações podem contribuir para o problema.

Chamar uma criança de "feia" parece um gesto inofensivo. Porém, tende a causar consequências graves em indivíduos mais suscetíveis. Além disso, influências próximas contribuem para formar a doença.

– Uma mãe que supervaloriza a beleza e trata a imagem como um grande investimento pode influenciar os filhos a se preocuparem exageradamente com a estética.

Apenas isso não causa a dismorfia corporal, mas ajuda a desenvolver o problema – ressalta o psicólogo Roberto Vasconcelos, especialista em psicoterapia.

Será que tenho dismorfia?

A preocupação com a beleza é algo normal e, na maioria das vezes, está longe de ser uma doença

Porém, fique atento se você notar se tem uma preocupação exagerada: alguns sinais podem revelar que o problema é mais sério

O principal sintoma da dismorfia é a ênfase em qualquer "defeito" do corpo, principalmente no rosto. A pessoa se olha de maneira exageradamente negativa.

Por causa de uma ruga um pouco maior do que a média, por exemplo, o paciente pode acreditar que será ridicularizado se sair de casa e, assim, opta pelo isolamento social.

Entenda a pesquisa

O que os pacientes com dismorfia corporal têm em comum, além da aversão à própria fisionomia ou ao corpo, é uma alteração no córtex órbito-frontal esquerdo, área que faz parte do lobo frontal, uma região cerebral associada à coordenação das expressões faciais.

Dependendo do tipo de imagem que veem, essa área pode ficar hiper ou hipoativada. Para chegar a essa conclusão, a equipe de cientistas da Universidade da Califórnia submeteu 33 pessoas ao exame de ressonância magnética e analisou como o cérebro se comportava quando os voluntários viam diversos tipos de fotos.

O cérebro dos dismórficos apresentou alterações no processo visual quando eles observavam a própria imagem normal e modificada com ampliação dos detalhes.

Segundo os pesquisadores, não é confiável dizer, ainda, se a visão distorcida que o dismórfico faz da própria imagem é a causa ou a consequência das alterações cerebrais.

Zero Hora

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