terça-feira, 12 de abril de 2011

“Rio” – Filme é o Brasil que o americano quer ver

 

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Blu (voz original de Jesse Eisenberg) é a última ave macho de sua espécie que é raptada por contrabandistas ainda filhote e acidentalmente cai num estado frio dos Estados Unidos, onde é criada por uma livreira, lá se domestica e tem que ser levado pra sua cidade natal quando se torna mais velho pra se acasalar com a última fêmea. A história é bem simples para servir de pretexto mostrar a cidade do Rio de Janeiro de forma que brasileiro detesta ser taxado: como um lugar onde é festa e harmonia o ano inteiro. Esse é o problema do filme do Carlos Saldanha.

Graficamente o filme é fantástico, em contraponto, tecnicamente peca por mostrar um Rio que não é exatamente o que parece, e vou dizer porquê:

Assistindo o filme com as vozes originais (como eu vi) fica nítido a vontade do diretor em colocar todas as vozes no Brasil em inglês, aí inclui contrabandistas-trapalhões (até o moleque trombadinha em busca de redenção fala o idioma), cachorros, micos, pássaros.. enfim, toda a fauna brasileira disponível, coisa que nem nativos sabem falar a própria língua.

Colocar “macacos” para serem os trombadinhas na cidade é copiar o desenho censurado por aqui dos Simpsons, que faz com que americanos achem que vai ter miquinhos fazendo palhaçada no centro do Rio. Portanto americanos, se estiverem lendo isso, os macacos-trombadinhas são muito maiores e  se parecem com pessoas normais hein?!

Carros alegóricos que não estejam incorporados na escola de samba não entram no desfile de qualquer jeito, a organização da escola não permitiria pois comprometeria suas notas. É um erro brutal de roteiro (como os personagens Linda e Túlio se disfarçam com fantasias da escola e passam pela portaria se identificando e deixam entrar um carro alegórico incrivelmente mal-produzido no desfile?)….

O filme logicamente tem suas qualidades que superam essas críticas negativas: A trilha sonora, mesmo em inglês, é bastante eficiente e engraçada, as parcerias musicais funcionam. Os personagens secundários são bons mas não chegam a roubar a cena, o destaque deles vai para o Pedro (na voz do Will.I.Am). E as piadas de situação são muito boas, todas as cenas nas quais as araras estão em situação de perigo o diretor os coloca em desfechos de cena hilários.

Resumindo, “Rio” é uma animação na qual os americanos vão adorar ver, brasileiros adultos certamente vão se indignar um pouco, mas no geral vale a pena se divertir com a ave nerd e sua parceira “femme-savage-fatale”.

Nota: 3 (na escala de 0-5)

3 comentários:

  1. Rio de Janeiro acaba nos quarteirões que circundam aquela orla. O resto não existe. As favelas não tiveram jeito .. tiveram que torna-las pops ...

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  2. Não assisti ao filme, mas pela crítica apresentada é mais uma prova que o filme é uma antítese entre o real e o imaginário.

    Os três primeiros trabalhos de Carlos Saldanha que tiveram expressão (a trilogia A Era do Gelo, com exceção do primero que é co-dirigido pelo brasileiro) são muito bons, mas a partir deste trabalho há uma notável queda na qualidade no que tange a história. Ademais, o melhor retrato do Brasil feita por estrangeiros é um clássico desenho do Pato Donald com o Zé Carioca.

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