Esse foi o tema levantado na oficina de Redação do cursinho. Ele já foi discutido diversas vezes aqui na PI, algumas com ilustrações e charges, inclusive. O texto a seguir é a minha versão dos fatos apresentada em forma de dissertação.
Borboleta em crise
Se perguntássemos para uma pessoa de fora do Brasil, mas que já o visitou, sobre suas impressões a respeito do mesmo, certamente surgiriam respostas como: país de belezas naturais, povo acolhedor, folclore riquíssimo, monumentos arquitetônicos importantes para a História. Experienciado esse fato, constatamos que ainda é difícil encontrar quem nos olhe e veja uma nação capaz de desenvolver tecnologia de ponta, trazer inovações para os diversos campos da Ciência. Talvez nem os brasileiros vejam.
No seu passado, o Brasil servia exclusivamente como colônia de Portugal, ou seja, aos interesses estrangeiros. A independência simbólica ocorrida centenas de anos atrás, entretanto, não foi capaz de promover uma independência de ideias. Assim, podemos dizer que o caráter dicotômico do Brasil pode ser atribuído, em parte, ao nosso passado colonial. A outra justificativa pode ser encontrada na ausência de um projeto de nação por parte de nossos governantes. Em outras palavras, seria como dizer que o Brasil é uma borboleta que não foi avisada de que o é, comportando-se continuamente como se ainda estivesse no casulo.
Exemplos das enormes disparidades vistas aqui são intermináveis: o país subdesenvolvido, da desigualdade social, das políticas imediatistas e assistencialistas, do transporte público ineficiente, da miséria sertaneja, da exportação de prostituição, é o mesmo país que tem uma das melhores universidades do mundo, que desenvolveu os biocombustíveis, que convive de maneira harmoniosa entre pessoas de cores e credos diversificados. Uma mesma parte do nosso país vive e convive com a crise de identidade pela qual passamos, caso contrário o Rio de Janeiro não seria, ao mesmo tempo, uma das mais belas cidades do mundo e a com maior número de favelas e violência no mesmo.
Talvez ainda estejamos à espera de um reconhecimento externo do nosso potencial para que possamos usar os benefícios que ele traz ao nosso favor, ou melhor, para dividi-los com todos do território. Enquanto ainda formos colônia culturalmente, jamais poderemos ser uma potência de fato.