quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Contos Orsistas: O Banheiro

Esta é uma história que aconteceu há muito tempo, para ser mais preciso, ao final da década de 70 e início da década de 80, certo dia, caminhando pela ruas escuras da cidade, um bando de viciados, bêbados e prostitutas pelas ruas, bateu em mim uma vontade louca de urinar, não pelo fato de ter ingerido uma quantidade excessiva de líquido, seja álcool ou água, mas sim devido a um problema de incontinência que me ataca de tempos em tempos.

Não perdi tempo e adentrei o primeiro boteco que avistei, era um lugar fétido, cheirando a boca de prostituta que acabara de chupar o falo de um obeso, não me perguntem como sei sobre o tal cheiro, pelas paredes escorria algo parecido com um líquido viscoso, um misto de gordura corporal e fumaça, esta lançada pelos usuários de baganas que ali estavam, perguntei educadamente ao velho que estava atrás do balcão onde ficava o banheiro e ele apontou com o dedo a direção do paraíso.

Correndo, não percebi que batera com os ombros no braço de um sujeito mal encarado que segurava um copo e derramando parcialmente o néctar que estava naquele recipiente sobre sua jaqueta de couro, devido a luta contra o tempo, onde segundos se tornam séculos, para que minhas calças jeans não se tornassem uma fralda geriátrica, não pedi desculpas ao sujeito, aliás, coisa que não faria diferença alguma para o que aconteceria logo adiante.

Finalmente o banheiro, senti meus tênis mergulharem em uma espécie de pântano, um cheiro de jaula, havia no mínimo ali um centímetro de um líquido que eu esperava que fosse água, mas pelo odor com certeza era uma mistura que continha no mínimo água, merda e urina, se eu mijasse por ali mesmo não faria qualquer diferença, caxias como sou, fui querer fazer no mictório, ou o que sobrara dele, que alívio. Como sempre ouvi de meu avô, "urinar é como gozar de pau mole".

Quase findado o ato, fui bruscamente interrompido desse meu particular prazer por um intenso impacto que rompera o silêncio daquele escrotal recinto, fui lançado ao chão e mergulhando as mãos naquela poça fétida e a cara se arrastando parede abaixo, como o lugar estava escuro, fui poupado dos detalhes que ali estavam presentes naquele mural, fui aos poucos deitando de bruços no chão.

Socos e pontapés, depois de alguns certeiros golpes no meu nariz não senti mais cheiro algum do que estava ali naquele banheiro, depois de muito apanhar e a dor tomar conta de meu corpo todo, fui arrastado pelos braços bar a fora, e jogado na sarjeta como se fosse jornal velho, estirado no chão, fedendo e sem forças para me manter em pé, sequer consegui pegar um ônibus e apenas levei algumas horas para chegar em casa.

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